Estávamos nós felizes, alegres e contentes arrumando as malas na
terça-feira, 6 de setembro, pra deixar tudo pronto para o vôo das 08:50 do dia seguinte,
quando recebo uma ligação do Decolar (empresa com a qual comprei as passagens)
às 16:30 dizendo que o vôo Vitória x Guarulhos havia sido cancelado e que única
opção seria um vôo que sairia às 23:00 de terça. Ou seja, teríamos
que sair correndo para pegar esse vôo, e ficaríamos no aeroporto em Guarulhos
de meia-noite até 15:15. A mulher que ligou ainda disse que, caso nós não
aceitássemos aquele vôo, poderíamos pedir o reembolso integral da passagem. Só
não mandei-a, educadamente, ir tomar no meio do olho do cu sujo dela
porque a ligação estava sendo gravada e ela poderia me processar depois. Daí
fui pro aeroporto falar diretamente com o pessoal da Tam, e a atendente,
diferentemente da vaca do Decolar, foi solícita e inteligente e nos
acomodou em um vôo que sairia às 06:05h na quarta. Teríamos que fazer o
translado de Congonhas para Guarulhos, mas àquela altura nem liguei.
Bom, fomos
dormir já era mais de meia-noite, acordamos às 03:30, nos arrumamos, o táxi
chegou às 4, fomos pro aeroporto, check-in, sala de embarque, dei uma bela
cagada no banheiro de lá (e que merda de banheiro, pqp!), parará, parará,
entramos no avião. Bom, quem me conhece sabe que não tenho muita simpatia por
esse meio de transporte, e explico porque: Porra! se Deus quisesse que o homem
voasse ele teria nos dado asas!!! E não adianta virem me dizer que isso é
besteira, que o avião é seguro e etc.: pra mim não tem explicação plausível
para o fato de um trambolho de metal ficar "flutuando" no ar. Eu
sei que a conformação das asas faz com que se crie uma diferença de pressão
entre o ar que passa por cima e o que passa por baixo da asa, provocando a
sustentação da aeronave e tals, mas toda teoria cai por terra (hahaha! que
trocadilho espirituoso, não acham!?) quando você fica cara-a-cara com o
monstrengo. Enfim, me cago de medo mesmo, e foda-se!
O vôo em si,
apesar das pragas de uns e outros aê, foi tranquilo. Pousamos em Congonhas
(realmente meu primo Adriano tem razão: dá pra ver as pessoas nas janelas dos
prédios) e pegamos o transfer para Guarulhos. Lá tivemos que esperar pra
caramba, pois o vôo para Roma só sairia às 15:15. Procuramos um restaurante,
pois estávamos varados de fome. Comemos num tal de Terra Azul, self-service, e
aproveitamos para começar o processo embriagatório para aguentar 11 horas de
vôo tomando uma Kaiser Gold. Dali saímos e sentamos em um "boteco" e
pedimos um chopp da Heineken. Só pedimos a bebida, que já foi bem cara, pois
comer em aeroporto é coisa para privilegiados... PUTAQUEOPARIU!!!!! 40 contos
1/4 de pizza!!! Bom, bebemos o chopp e fomos fazer o chek-in para nos livrarmos
das malas. Check-in feito, fomos para a área de embarque e nos deparamos com um
"boteco" da Eisenbahn. Bora beber, né!? Tomamos 1 litro de chopp cada
um e comemos umas salsichas com mostarda.
Aquecendo as turbinas na Eisenbahn |
Aí deu a hora de
embarcar, e finalmente vimos o avião. CARALHO!!!!!! Perto deste o avião em
que fomos para Sampa pareceria um mosquito. Eu pensei: não sai do chão,
não. Mas, contrariando todas as expectaticas, ele voou, e foi um vôo bem
tranquilo, apesar de longo pra caralho. Que raio de oceano grande da porra! Mas
ele acabou, e aí pousamos em Roma. Bom, aí começaram as aventuras da viagem...
Nascer do sol sobre o Mediterrâneo |
Fomos pra fila
para passar pela imigração. Lembro da primeira vez que passamos por isso: meio
assustados, com cara de pangúas do brejo que nunca tinham saído da roça,
achando tudo estranho, entramos na fila única que desembocava em vários guichês
e fomos recebidos no guichê por um simpático funcionário holandês que,
após olhar nossos passaportes e ver que éramos brasileiros, nos disse
bom-dia em português, e que éramos bem-vindos à Europa, perguntou pelo meu time
(eu estava com uma camisa do Fluzão), e nos desejou uma boa viagem. Que beleza,
né não!? Pois é, esperava um tratamento semelhante em Roma... Pura ilusão...
Primeiro que não havia fila: as pessoas se aglomeravam em frente ao guichê
único que havia. Quando chegou nossa vez, ou melhor, quando conseguimos forçar
a passagem por entre a multidão, o funcionário zé-buceta-bruta-bestia mal olhou
pra nossa cara, só perguntou para onde estávamos indo (idiotice, afinal junto
com o passaporte entregamos os vouchers das passagens para Veneza), e, diante
da resposta, carimbou somente os vouchers, nem abriu nossos passaportes, o
filadaputa mal-educado do inferno!
Enfim, apesar
dos contratempos, passamos pela imigração e fomos para a área de embarque.
Procuramos o portão de embarque que, pra variar, era no extremo oposto do aeroporto.
Achamos, ou achamos que achamos, e fomos procurar um lugar que vendesse
cerveja. Comprei uma cerveja tipo strong ale
dinamarquesa. Josi bebeu primeiro e me perguntou se ela era feita de
pau-pereira. PQP! amarga pra caralho, do jeito que a gente gosta!!!
Cerveja de pau-pereira, no aeroporto em Roma |
Ficamos por ali
bebendo e observando os tipos estranhos que passavam, e, acreditem, eram
muitos!!! Porra, eu sei que ninguém escolhe ser feio ou bonito, mas tem gente
que escolhe ser estranha. E nos aeroportos você tem a oportunidade de ver a
fina flor da esquisitice! Depois disso fiquei pensando que o viado do cara
da imigração não havia carimbado nossos passaportes e fiquei encafifado com
isso, pois poderia dar merda. Fui procurar informação com a mulezinha do portão
de embarque, mas ela nem me deixou fazer a pergunta que eu queria: quando disse
que estava indo pra Veneza ela disse que o portão de embarque não era aquele. Ma come non?, perguntei no meu italiano perfeito, e
ela pegou o telefone e fingiu que eu não estava ali. Daí chegou um velhinho
italiano gente boa que também ia pra Veneza, e ela disse a mesma coisa pra ele.
E disse que era pra nós procurarmos informações nos monitores. Lá fomos nós
para os monitores e confirmamos que o portão era aquele mesmo. Voltamos na
mulezinha e ela só sabia dizer "É cambiato, é
cambiato, é cambiato". Ma cambiato in cui, cazzo!???, e ela: "É cambiato, é cambiato." Deixamos a vaca
falando sozinha e seguimos o velhinho, que foi pedir informação em outro
portão. O cara olhou o monitor e disse que estávamos certos: o portão era o da
vaca mesmo. O véio saiu proferindo impropérios em italiano.
Só entendemos ele dizer "Scema"
e "Stupida". Resumindo a questão:
depois de o velhinho xingar a ascendência da atendente da Alitalia até Adão,
apareceu outra mulher que anunciou qual era o portão correto.
Já do onibusinho que nos levou do portão de embarque até o avião
pudemos notar que este era contemporâneo a Santos Dumont, e sua fuselagem
possuía muitas marcas de fuligem. Pqp! Será que essa merda pega fogo no ar?
Bom, estávamos ali mesmo, não tinha mais jeito, entramos no bagulho. Bagulho
mesmo! Por dentro ele fazia jus ao seu exterior. Sabe aqueles ônibus fudidos
que fazem linha entre duas cidades do interior, tipo Castelo x Conceição do
Castelo, Castelo x Cachoeiro, São Mateus x Nova Venécia? Então, agora pensa num
desses com asas. Era o próprio. E os ocupantes também seguiam o mesmo
princípio: ô povo que fede, pqp! A lenda que diz que europeu não é chegado a
água procede, e olha que estava fazendo um calor insuportável! Aí um moleque
de uns quatro anos na fileira ao lado começou a berrar fazendo pirraça (era
filho de uma cheirosona, que não usava nenhum tipo de “psicologia” para fazer o
pirralho calar a boca). Pra completar, sei lá por causa de quê, a partida do
vôo atrasou em uma hora. Agora visualiza isso tudo junto: você, morto de
cansado por conta de uma viagem de 12 horas numa lata de sardinha, parado
dentro de um avião velho, num calor de fazer inveja ao próprio Satanás, com o
ar-condicionado desligado, cercado por pessoas fedendo por falta de banho, e
com uma porra de um moleque chato berrando no seu ouvido sem parar. Senhor,
Senhor! por que me abandonaste?
Deixando Roma |
Até que decolamos. Contrariando as expectativas, o vôo foi relax, a
catinga diminuiu, ligaram o ar condicionado, mas a porra do moleque continuou
berrando de pirraça a viagem inteira. Uma hora e um pouquinho depois chegamos
em Veneza. O velhinho enfezado passou por mim, riu e disse algo do tipo “Agora
tenho certeza de que entramos no portão certo”. Aí desce do avião, pega mala,
procura parente, acha parente, abraça, ri... E eis que passa por nós a mãe
cheirosona e em seus braços, dormindo feito um anjinho, o fiadaputa do guri
chorão. Que raiva, bicho!
Bom, bora pra casa dos parentes em Arcade, a uns 40 km de Veneza. Os
parentes são Kéia e Junior, respectivamente irmã e cunhado de Josi, e
prima-cunhada e primo-concunhado meus. No estacionamento descobri que iria
levar o Trovão Azul pra casa. O Trovão Azul é o Pólo 1.6 da Kéia. E ele,
adivinha, é azul. Foi minha primeira experiência nas auto-estradas italianas, e
a primeira vez a gente nunca esquece!
Chegando em casa, almoçamos e depois eles foram trabalhar, enquanto nós
ficamos dormindo. À noite Kéia fez um risoto specialle, e nós matamos um barrilzinho de Heineken e umas
Franciscas. Amém!
Ganhando as Franciscas |
Josi velando o caixão do barril de Heineken |
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