quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Europa 2011 - Capitulo III - A terra das cenouras gigantes, o etanol, e a 3ª lei de Newton.



Sábado, 10 de setembro. Não me recordo muito bem do início desse dia, só sei que saímos eu, Josi e Junior e fomos comprar artigos de necessidade básica: cerveja e carne!!! Cara, na boa, o paraíso deve ser parecido com um supermercado italiano! Não sei se todos são assim, mas as grandes redes, pelo menos, têm uma variedade absurda de produtos, desde prosciutto crudo até bateria para carro. Mas o que emociona, o que fascina, o que comove mesmo, é a seção de bebidas. Sabe quando o Pernalonga subiu pelo pé-de-feijão e chegou na terra das cenouras gigantes? Então, a sensação é a mesma. Uísques tops, runs de tudo que é tipo, conhaques v.s.o.p., vinhos maravilhosos de todas as regiões produtoras da Itália, e tudo isso a um preço decente. Os vinhos então, meu Deus! MEU DEUS!, baratos, muito baratos! Com 3 a gente compra vinhos absurdamente deliciosos. E lá – paradoxo dos paradoxos! – até os vinhos ruins são bons!!! Meio desnorteados ante tantas maravilhas, nos aproximamos sem perceber do altar supremo da nossa fé etílica: A ALA DAS CERVEJAS!!! Lagers, ales, bocks, IPAs, strongs, weiss, hells, dunkels, wits, pilsners, de abadia, trapistas...; dopels, tripels, quadrupels...; as mais variadas combinações de lúpulos...; italianas, alemãs, belgas, holandesas, austríacas, tchecas... É o êxtase! Oh, Senhor, obrigado por ouvir nossas preces!

Enchemos dois carrinhos grandes, um com coisas sem importância e outro com bebidas (conhaque, vinho e cerveja), e saímos. Fomos para um mercadinho de frutos do mar. Cara, que lugar maneiro! Tinha tudo que fosse necessário para fazer qualquer prato com frutos do mar, desde os próprios (em profusão), até os temperos e acompanhamentos. Tudo congelado de uma forma que até agora eu não entendi como eles fazem. Você vê os bichos congelados, mas não vê vestígio de gelo agarrado neles. Compramos umas tantas conchas de não-sei-que molusco, uns tantos gramas de um cogumelo muito bom (bom pra comer, não pra fazer chá, psicodélico leitor) e umas tantas postas de não-lembro-qual peixe.

Depois rumamos para um açougue. Eu digo açougue porque lá vende carne, mas se fosse aqui se chamaria casa de carnes, ou seja, um açougue metido a besta. Esse açougue, o Colomberotto, fica perto de Montebeluna, e compra a carne produzida na fazenda onde o irmão de Josi trabalhava quando morava na Itália. Compramos uns tantos quilos de carne para o churrascão que iria rolar à noite justamente na supracitada fazenda, onde moram e trabalham amigos nossos. De lá passamos na casa de um amigo de Junior para pegar um GPS emprestado para nos orientar nas viagens que começaríamos a fazer. Só que quando cheguei em casa vi que no GPS não constava o mapa da Áustria. Putz! E agora? Ah! Foda-se! Depois dá-se jeito...

De noite fomos pro churrasco na fazenda em San Donà di Piave. Carne, cerveja, vinho, conhaque, cachaça, uísque... que beleza! É desnecessário dizer que choveu tijolos essa noite, e muitos deles atingiram os participantes do churrasco, inclusive este que vos narra. Nas fotos abaixo podem ser constatados os estragos causados pela inusitada intempérie. Sem a menor condição de deixarmos o local, dormimos por lá mesmo.



Affligen tripel: cerveja de abadia belga com 9,5% de álcool



Alan e Ismael tomando cerveja de colherada

 

Junior em momento de muita sobriedade


 
Quanta felicidade!!!


O coral...


... e a regente


Sem comentários



A Pilsner Urquell, a primeira cerveja pilsen do mundo, e a Caninha 51. Rep. Tcheca e Brasil. E eu tava enxergando mais ou menos assim.




No outro dia, 11 de setembro, eu acordei pra descobrir que deveria ter continuado a dormir. Parecia que minha cabeça havia sofrido um atentado terrorista. Para ilustrar a situação, transcreverei aqui a última estrofe da quinta parte do texto Sobre o etanol e a 3ª lei de Newton, da lavra deste embriagado escriba.
Me sinto um bolo ruminal mascado por uma vaca,
um ovo no cu da galinha – o  cu da galinha é a cloaca.
Beber é uma coisa tão boa, mas... Êta, porra de ressaca!!!
Estava meio que combinado que nesse dia nós iríamos dar umas voltas por Pádua e Verona, aproveitando o domingo para que Kéia e Junior pudessem ir conosco. Só que, além de Junior não ter demonstrado muuuuuuuuito interesse na coisa, seria a comemoração de um ano de casamento do Alan e da Valéria – amigos nossos que moram lá – , e ele praticamente me obrigou a confirmar presença na furrupa, de modo que mudamos os planos e jogamos a visita de Pádua e Verona para segunda-feira, no lugar de mais uma ida pra Veneza. Também firmamos outro compromisso que tomou o lugar de uma segunda visita a Veneza: um churrasco na casa de um casal de italianos amigos dos nossos parentes, no dia 1º de outubro, dia subsequente ao que retornaríamos de nossa viagem dentro da viagem.
Voltamos pra Arcade, ajeitamos umas coisas e fomos pro aniversário de casamento. Chegando lá eu até tentei fazer descer uns goles de cerveja, mas a coisa tava triste! Com a desculpa de assistir ao GP de Monza de F1 entrei na casa deles e me estirei no sofá junto com a minha ressaca. Nisso aparece o Tequinho, e eu conto pra ele meus pobremas com o GPS. Ele, mui solicitamente, disse que eu poderia ficar com o do carro dele durante minha estadia na Oropa. Beleza! Não me perderia pela Áustria e Alemanha. Um tempo depois me levantei melhorzinho e fiz nova tentativa com a cerveja. Ôpa! até que não está tão ruim! Mais uns goles. É, sabe que até tá bebível?! Minutos depois: Porra! Enche meu copo que eu estou com sede, caralho! Foi nessa hora que Kéia nos chamou para irmos embora. Ela estava na direção e, consequentemente, não estava bebendo. E, consequência da conseqüência, queria chegar logo em casa para encher o pote também. Caramba! justamente na hora em que a festa estava ficando boa... Mas tudo bem, continuaríamos em casa. Só que a galera fez a gente tomar a saideira. E uma saideira chama a outra. E Kéia também chama, só que para ir embora. E outra saideira. E Kéia fechou a cara. E só mais essa pra acabar. E Kéia batendo o pé. E essa é a última mesmo... Kéia partiu pro carro embucetada. Junior me puxou pelo braço: vamos embora senão vou apanhar! Hahahahaha!
E foi assim. Nos encaminhamos para Arcade para terminarmos o processo embriagatório, com direito à parada no caminho para mijarmos na estrada. No outro dia iríamos num bate-e-volta para Pádua e Verona.


Um comentário:

Mari disse...

Até os vinhos ruins são bons?! me interessei por isso rs